Data da postagem: May 27, 2014
Tempo de leitura: 3 minutos

Segunda-feira a noite, lá estava eu com preguiça de sair da cama e vagando pelo Netflix, quando encontro um documentário que já havia ouvido falar mas nunca  tinha dado uma chance: “Terms and conditions may apply”, que em uma tradução livre significa: “Termos e condições podem ser aplicados”.

Capa do documentário.

Imagino que você achou o nome familiar e, com essa capa, suponho que já imagine do que se trata. Exatamente, é sobre os termos e condições de serviços web (google, facebook, wordpress…) que nós todos aceitamos sem ler nem a primeira linha.

Mas porque não lemos e como isso pode nos afetar?

De acordo com o documentário, se lêssemos tudo, passaríamos 180 horas por ano nessa tarefa.

Para provar que a coisa é séria, a empresa GameStation, no dia 1º de abril de 2010, modificou apenas uma linha dos seus termos e incluiu que a loja teria todos os direitos legais sobre as almas dos clientes que aceitassem e, como era de se esperar, 88% das pessoas simplesmente deram suas almas.

 termsandc_f02cor_2013111012

Como a Google e o Facebook são empresas tão ricas se oferecem, na maioria das vezes, serviços gratuitos? O documentário mostra que nós, ao concordarmos com tais termos, damos um poder enorme a essas companhias sobre os nossos dados. E são esses dados que fazem essas empresas serem tão valiosas.

Imagine o quanto de dados você já inseriu no Google ou Facebook. Você sabe que direitos eles têm sobre tudo aquilo? Suas pesquisas sobre filmes pornográficos, suas fotos e postagens, conversas com seus amigos e amantes

Essa pilha de papel é a quantidade de dados que o Facebook tem sobre esse rapaz.

O Facebook e o Instagram, por exemplo, podem usar todo tipo de informação que você insere para fins comerciais. Sem falar também que é um sonho se tornando realidade para empresas governamentais como CIA, FBI e NSA (PF e ABIN, talvez?). Ao invés de terem que passar por todos processos legais para grampear seu telefone, podem apenas contar com a cooperação do Facebook para ver as conversas “deletadas” que continuaram armazenadas nos servidores porque você concordou que isso poderia acontecer, ou então ver seu histórico de pesquisas no google e arquivos pessoais do Google Drive. Com entrevistas, apresentação de mais dados e exemplos de como aquelas longas listas podem nos afetar e minar a liberdade, o documentário nos faz pensar sobre a quantas anda a privacidade na internet. Ela ainda existe? É possível fazer com que as empresas sejam mais transparentes em relação a isso? Perguntas que ficam no fim.

Ele é apenas disponibilizado na versão americana do Netflix. Mas é fácil encontrar no The Pirate Bay e em outros lugares por essa enorme internet. E para aqueles não proficientes em english, na web também há legendas em pt-br.

Ou, se você aceitou aqueles termos do iTunes, também pode comprar lá e dar um suporte aos criadores: https://itunes.apple.com/us/movie/terms-conditions-may-apply/id675132537

Por fim, segue o trailer (infelizmente sem legenda):

https://www.youtube.com/watch?v=yzyafieRcWE

tags: pessoal,